Você Sabe Realmente O Que Defende?

Tempo de leitura: 15 minutos

O Que Se Esconde Nos Bastidores?

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Não acredite numa única palavra que ler. Faça um teste prático das lições que aprender. – Kabbalah

Enquanto muitos dizem “verdades” eu apenas levanto reflexões. Por isso a provocação reflexiva: você sabe realmente o que defende?

Eu sempre me faço essa pergunta.

Quanto mais estudo e pesquiso temas e assuntos relacionados à espiritualidade, que é o tema principal desse blog, constato o que já era, para mim, um fato: a importância de conhecermos, o melhor que pudermos, não só a nós mesmos mas o mundo que vivemos em seus aspectos políticos-sociais e econômicos, a filosofia que as fundamenta, e a sua história.

O valor que podemos integrar do conhecimento e sabedoria legado por grandes culturas e tradições espirituais e filosóficas como por ex. o Judaísmo e a Kabbalah, a filosofia Védica e o Yoga, o Budismo, a filosofia do Cristo no Novo Testamento e no Espiritismo, e a nossa querida e ainda muito desconhecida Umbanda, entre tantas outras como o xamanismo presente em varias culturas (inclusive a nossa), o Candomblé e etc. possibilitando um acréscimo cultural valioso para nossa expansão consciencial no mundo que vivemos.

O mundo contemporâneo, mais do que em outras épocas, está muito conectado e interligado, as notícias chegam quase que instantaneamente, e, ao mesmo tempo, a impressão que se tem, muitas vezes, é que há várias fatias de informação desconexas.

Nossas ações e pensamentos são influenciados por vários tipos de informação que nos bombardeiam a todo momento sem cessar, e muita dessa informação, por via subliminar, se alojam no nosso inconsciente comandando nossas atitudes e pensamentos.

Já disse Carl G. Jung “Os aspectos de tudo o que acontece conosco podem parecer pouco importantes na vida cotidiana,…[mas] são as raízes quase invisíveis de nossos pensamentos conscientes“.

Ruth Benedict proferiu – “O olho que vê não é um mero órgão físico, mas uma forma de percepção condicionada pela tradição na qual seu possuidor foi criado“.

Por isso a importância da auto-análise, do questionamento e o confronto sobre si próprio e sobre suas crenças e ideologias. De se perguntar porque penso e acredito no que penso e acredito. Muitas das nossas tendências podem ser entendidas e transformadas a partir daí.

Claro que isso não é obrigação, e nem que isso vá deixar alguém melhor ou superior, mas permite maiores esclarecimentos, ampliação de consciência e pontos de vista sobre um cenário maior e crescente, possibilitando que nosso universo existencial pessoal e cultural se expanda cada vez mais, acompanhando, assim, a própria expansão universal cósmica.

Isso se dá com o tempo, com o amadurecimento, passo à passo e sem dramas.

Permite também que se conheça melhor a diversidade sem perdermos nossa unidade.

Além, é claro, de um excelente exercício do ouvir, do sentir e do vivenciar.

Querendo ou não, vamos influenciar pessoas por nossos pensamentos, palavras e ações, assim como nos deixamos influenciar…

Seria interessante ter pelo menos uma noção mais profunda do que nos acontece ao redor e em nosso mundo interior.

Observo muitos defendendo “ismos” – de um lado e do outro, líderes (sejam políticos, espirituais…) sem questionar realmente o que se defende de fato, quais são suas bases, fundamentos e história, e o propósito real.

Muitos se tornam joguetes nas mãos dos planejadores do poder…

Em tempos de redes sociais, fake news e pós-verdade muitos dos “debates” acontecem apenas pelo que está escrito no título de um post, artigo, texto ou vídeo; sem acessar seu conteúdo por completo.

Como diria um amigo meu, fica apenas no disse me disse, tipo fofoca gourmet.

A Ferramenta de Aproximação – Respeito

respeito

O valor de se aproximar de uma determinada Tradição ou doutrina, seja de tema político ou qualquer outro tema, e poder ter acesso à sua própria literatura, à sua história é fantástico e enriquecedor.

Mas é preciso, desde o início, um profundo senso e atitude de respeito a si mesmo e ao outro.

Além da literatura, o valor de poder conversar com pessoas que professam determinada doutrina ou filosofia (ou um conhecimento político-econômico), sentir o ambiente em que se manifesta, é muito maior do que ler sobre esta numa coluna de jornal, ou numa revista, ou num vídeo em que não se tem a certeza do que é dito (ou escrito) seja de fato apoiado pelos fundamentos e princípios da doutrina em questão, escrita por proeminentes representantes daquela doutrina que deixaram um importante legado, para justamente se ter acesso aos princípios e conhecimentos essenciais daquela sabedoria.

Quando leio e/ou estudo um tema do gênero espiritualidade (mas pode ser qualquer tema) de determinado autor eu confronto com os referenciais que tenho acesso sobre o tema posto (outros autores, literatura referência sobre o assunto…) além de minha própria análise e reflexão, pois tenho que ter, em relação a mim mesmo, uma compreensão pessoal sobre o assunto. Indo muito além do certo ou do errado.

Assim, posso ter um mínimo de condição de me situar e de perceber se aquele autor está realizando um malabarismo de palavras, uma retórica florida, uma negação ou um esclarecimento melhor sobre o tema, facilitando o entendimento de assuntos mais “pesados”, ou até mesmo, se está lançando novas e importantes abordagens.

Por isso a importância de se ter acesso à literatura clássica (referencial), e, quando possível, a dinâmica do movimento vivencial cultural que represente aquele tema abordado.

Isso vale para qualquer ramo do conhecimento. Como posso falar ou defender, p.e., correntes de pensamento socialistas, comunistas, conservadoras, liberais e etc. se fico apenas no que uma pessoa, um livro ou o que um site diz sobre aquele assunto.

Paralelamente, essa aproximação e interação deve proporcionar nova ressignificação contextualizada e nos possibilitar realizar a transcendência para um novo nível de consciência; senão ficaremos, muitas vezes, presos a um atavismo cultural, religioso, político…

Atualmente se reduziu muito o discurso e o debate (o que muitas vezes nem acontece) em palavras de ordem e a depender da frase que se diz, ou que não se diz, rotulam a pessoa de direitista, fascista, esquerdista, genocida e por aí vai…enfim, ou você é de esquerda (termo genérico que mais confunde do que esclarece) ou de direita (idem) não sabendo que esses termos perfazem um amplo e confuso espectro político-econômico-cultural-filosófico.

Quem se diz de direita e de esquerda realmente sabe o que defende? Vejo na prática que a maioria não.

Quero deixar uma coisa bem claro!

Não se trata de julgamento de santificação ou de demonização quem defende isso ou aquilo. A proposta é que mesmo quem defenda uma causa, uma ideologia “X” e o outro defenda uma “Y“, é que ambos saibam bem o que defendem, e não ser apenas um joguete dos dirigentes e líderes em questão.

Na grande e esmagadora maioria das vezes se desconhece a história e o contexto dos sistemas políticos-sociais e governamentais ao longo dos tempos.

Muitos mistificam e romantizam líderes, escondendo de si mesmo, e do máximo de pessoas possíveis, o aspecto terrífico e sanguinário que apresentaram em paralelo. Ou tentam de todas as formas encontrar justificativas… injustificáveis.

Se desconhece a farta literatura sobre o assunto, a filosofia que a fundamenta e que está por trás desses sistemas.

Mudanças Necessárias

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Para isso, vamos ter que questionar fontes, quebrar paradigmas, ouvir o contraditório e sair do conformismo; além da necessidade fundamental de nos questionar, no sentido de confrontar nossas verdades, ideologias e crenças, desfazendo-se delas sempre que se fizer necessário, sem medo de mudar substancialmente quando for preciso.

Autotransformação, evoluir, progredir. Munido de fundamentos lógicos e seguros, saber se posicionar, sem que para isso se assassine moralmente o outro que pensa diferente.

A mudança é interna, no sentido das reflexões profundas, ressignificações e da metanóia necessária para se atingir novos níveis de compreensão e vivência.

Não é a mudança da dança dos ventos, só para parecer um “intelectóide”.

Saber quando mudar é fundamental, além de ser uma lei natural do universo.

Mas uma coisa é certa! A mudança se reflete nas ações dos indivíduos.

Há um fato interessante que acontece muito no meio espiritualista (mas também em todos os outros “meios”) que é em relação ao processo de receber o conhecimento. É válido, mas também questionável, e por prudência não deveria ser o único (apesar de ser o único para muitos).

Este processo acontece por duas formas básicas, que é o seguinte:

  1. Um médium recebe mensagens de desencarnados e de exoconsciências (consciências ou seres encarnados de outros orbes), e o que se diz se transforma em verdade pelos ouvintes e leitores, que muitas vezes se comportam como seguidores fanáticos e fundamentalistas, mesmo que de forma velada, sendo que muitas vezes nem o médium as toma como verdade.
  2. Autores espiritualistas ouvem, ou estudam outras culturas (ou temas relacionados pertencentes a determinadas culturas) através de outros autores que também estudam outras culturas…e assim vai… sem de fato mergulhar na cultura estudada; por conseguinte resolvem escrever livros, dar palestras e etc. sobre Cabala, Ioga, sobre Cristo e outros temas do gênero, e as pessoas (leitores, ouvintes, seguidores) tomam aquilo por verdade sem sentir a mínima necessidade de se  buscar nos clássicos provindos das próprias culturas citadas o que essas próprias culturas manifestam em seus escritos autênticos. Não satisfeitos ainda dizem que as escrituras estão deturpadas e adulteradas por isso não há necessidade de consultá-las pois “tal e qual” autor já revelou a correção…

Isso tudo cria mais confusão, preconceito e mistificações do que esclarecimento e sabedoria!

Entendo perfeitamente porque muitas pessoas se tornam atéias e céticas.

Acredito sim que é preciso uma pequena dose de ceticismo, bom-senso e crítica proativa, além é claro, de uma boa dose de maturidade para abordar diferentes temas sem cair no fanatismo e fascinação ou no ceticismo niilista.

Ações Humanas Proativas

Uma Frente Diversificada da Ação Humana

É preciso a formação de intelectuais sólidos e ativos e não de gabinete que possam colaborar na formação de uma massa crítica que atue no mundo de forma mais ética, assertiva e benéfica.

Fundamental também é a atuação de grupos espiritualistas independentes ou ligados a Tradições (e de outros ramos do conhecimento) que buscam conhecimento contínuo e seguro no desenvolvimento de potencialidades, capacidades e habilidades mediúnicas, anímicas e apométricas para uma atuação mais segura e consciente dos bastidores da vida terrena, em desdobramento e projeção consciencial; e, no atendimento fraterno às pessoas que necessitam de ajuda nesse campo.

Esses grupos de estudo promovem projetos, ações e soluções criativas e proativas realizando diversas ações benéficas na sociedade de diferentes maneiras; na verdade existem vários grupos atuando nesse momento.

Independente do grupo, o indivíduo em si já é um grande agente influenciador quando trabalha de forma honesta e digna realizando o seu melhor, sendo proativo, tendo a capacidade de apenas ouvir, chorar e sorrir com seus amigos e entes queridos quando estes precisam de apoio. Desejar de forma poderosa o desenvolvimento de qualidades, potencialidades e capacidades independente de suas questões individuais e de foro íntimo.

Se sentir capaz de transformar com seus pensamentos, fala e ações caos em bênçãos!

Cria-se um paradoxo de atuação quando na tentativa de ajuda extrafísica ao bem, ou às pessoas, seja no atendimento fraterno ou na formação de opniões sobre questões políticas, p.e., quando serve-se a dois senhores, isto é, como ex.: se defende regimes ditatoriais comunistas, tendo seus líderes como semideuses, e clama-se por justiça social, e, ao mesmo tempo, participa de grupos espiritualistas querendo ajudar o próximo ou atuar em desdobramento junto a espiritualidade maior.

Ou a pessoa não estudou a história e os fundamentos filosóficos-políticos dessa doutrina política ou não sabe com quem está se comungando no astral…

Mais uma vez não se trata de querer demonizar quem defende esses regimes, cada um faz da sua vida o que bem entender, mas há aí uma confusão de conceitos, princípios e propósitos referentes a cada frente de trabalho.

Existe farta literatura e documentos históricos à disposição de todos, não sou eu que vai aqui dizer o que cada um deve crer ou ler. Isso é um exercício de vida de cada um de nós.

É preciso se autoconhecer num processo contínuo e árduo de autotransformação, estando ciente de que vai precisar destruir mitos, paradigmas, crenças e egos incrustados ao longo de uma história(s) de vida(s) para se revelar um novo Ser atuante na vida cotidiana, e no universo, em sintonia com o Cristo Cósmico (ou o Buddha, as Consciências Universais que atuam em consonância ao Criador — a Inteligência Suprema e Causa de todas as Causas, a Luz Infinita) e seus servidores conscienciais.

Alerta!

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Queria deixar um alerta também em relação à grupos espiritualistas, eu por exemplo participo de três, que considero sérios e comprometidos com a proposta do Alto.

Se um líder de grupo, ou dirigentes, se disser porta voz dos espíritos superiores, ou do Cristo (do Buddha, de Krishna…), ou do próprio Criador proferindo condutas a serem adotadas em nome daqueles… CAIA FORA imediatamente!

CAIA FORA também quando alguém disser que fora dali não há salvação, ou que aquele grupo é o melhor do que os outros, ou que aquele realmente está fazendo a diferença — não tenha dúvida: CAIA FORA!

Primeiro que as bases de todo grupo espiritualista sério já foram deixadas de forma clara pelas escriturasliteratura referencial e por exemplos vivos (ou que viveram, ensinando pelo exemplo).

O grupo se propõe a estudar, melhorar a compreensão e vivência (daquela filosofia em particular), treinar e despertar potencialidades, capacidades e adquirir novas habilidades. Articular ações que beneficiem as pessoas do grupo e/ou da comunidade/sociedade, com diferentes frentes de trabalho, e isso é muito louvável.

Os espíritos superiores se colocam através da psicografia, de um médium, e sua mensagem ou corpo de sabedoria pode ser comparada ao que está nas principais escrituras do mundo, além do referencial magnífico que está nos cinco livros de Allan Kardec, assim poderemos comparar as questões morais e éticas, além da própria filosofia que professam, servindo-nos como um guia.

Chico Xavier, que escreveu mais de 400 livros, através de sua incrível mediunidade possibilitou que inúmeros espíritos, como Emmanuel e André Luiz, transmitisse informações, conhecimentos e sabedoria, nunca disse que falava em nome deles, nem criou uma seita ou nova religião, pelo contrário – expandiu e popularizou o Espiritismo, mostrou na prática e pelo exemplo o que é ser servo amoroso do Cristo.

Assim como Divaldo Franco, Jose Medrado, Adenauer Novaes, Robson Pinheiro, Wagner Borges que são exemplos (e há outros) de diferentes médiuns com diferentes abordagens, metodologias e personalidades, porém unidos pelo serviço ao Alto.

Destaco também os trabalhos de Haroldo Dutra, Michael Berg, Yehuda Berg, Karen Berg, Jose Hermógenes, H.D. Goswami, Rabino Dudu, N. R. Szmulewicz Maharaja, Lama Padma Samten, Mãe Stella de Oxossi, Mãe Jaciara de Oxum,  e tantos outros que conheço e respeito.

Por mais que as escrituras e líderes tenham sua importância é muito bom lembrar que a relação do indivíduo com a Divindade (consigo mesmo, com o Cristo, Buddha, Krishna, aos Orixás…e com o Criador) é pessoal, íntima e única.

Para finalizar transcrevo o seguinte conselho:

Não acreditem no que eu digo, testem por si próprios – Buddha

Grande Abraço!

OM TAT SAT

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