Uma Parábola Empreendedora!

Uma Parábola Empreendedora!

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Fé é apenas uma crença, um sentimento interno ou precisamos estar convictos da confiança na certeza da ação?

A Figueira Estéril

Uma Parábola Empreendedora!

Calma, eu sei que repeti palavras com significados semelhantes….de propósito….Por que digo isso?

Vejamos Marcos 11:20-26.

Ao raiar do dia, passando no local, viram que a figueira havia secado desde a raiz. E Pedro, lembrando-se do fato, lhe diz: Rabbi, eis que a figueira que amaldiçoaste está seca.” – Mc 11:20.21

Um dia antes (pelo menos) Jesus e seus discípulos haviam passado pela figueira que estava bem folhada, exuberante.

Na região em que se encontrava Jesus, nessa passagem (Jerusalém-Betânia), a figueira começa a dar os primeiros e esparsos figos perto do fim da primavera e início do verão (abril — junho), a colheita do figo acontece mesmo cerca de duas vezes durante o ano — em um período curto de apenas dois meses (o principal em final de junho e início de julho, e o chamado temporão acontecendo até o final de agosto).

Portanto, a folhagem exuberante da figueira costuma estar plena entre de abril-maio (primavera). Essa passagem acontece antes da Páscoa, que se inicia a partir do dia 15 de Nissan (Áries), portanto, tinha como ter alguns frutos (mesmo que poucos) nessa época, mesmo que não de uma forma geral como na época certa.

Assim, seria natural Jesus encontrar alguns figos na exuberante árvore. Num sentido alegórico, a figueira estava “fingindo” ter frutos, quando na verdade não tinha. Era uma “árvore hipócrita”.

Jesus estava preparando o ensinamento que viria em seguida. Ele agiu de uma forma que deixou os discípulos perplexos. Em Marcos podemos observar que foi em dias diferentes — o ato de secar a figueira e a explicação do ensinamento a partir da lembrança do fato por Pedro.

Em Mateus 21:19 essa passagem da figueira e a resposta de Jesus parece que se dá no mesmo dia.

Vejo aqui, logo de cara, que devemos fazer secar desde a raiz, em nós, a aparência de dar algo que não podemos, ou não temos pra dar. Isso sempre tem a ver com nossos egos (a multidão de opiniões interna — alguém se lembra da frase…meu nome é legião(!?).

Ego está sempre relacionado com o adversário, com a reatividade, com o curto-circuito.

Essa parábola da figueira serviu para atentar para a classe sacerdotal hipócrita, fazendo com que os templos não dessem frutos. Serviu também para cada um dos indivíduos da época de Jesus e continua servindo hoje plenamente.

Uma Questão de Ego

Somos o espírito imortal num corpo carnal (que é composto de outros corpos (duplo etérico, perispírito, corpo mental e assim vai…).

O ser espiritual corporificado (jivan – em sânscrito) possui um Ego (composto de vários outros egos) e esse Ego é na verdade um falso-ego, conhecido como ahamkara na filosofia do Vedanta.

E esse ahamkara cumpre um papel importante que é  formar um personagem, um ator, com suas máscaras (não necessariamente ruins!).

Formar uma pessoa e agir no mundo (com RG, CPF, título de eleitor, conta em banco, carteira de trabalho, PIS, gênero, opção sexual, religiosa  – ou não -, partido político – ou não – e tantas camadas que perfazem o jivan…).

É de certa forma “natural“ que esqueçamos que somos o espírito imortal (aham bramasmi ou Atmaespírito) e nos deixamos levar, assim, pelo ego.

Se queremos reviver, ou revelar cada vez mais, nossa condição original e natural de Ser (Atma – espírito imortal) precisamos secar a figueira do Ego (ahamkara) desde a raiz. Esse parágrafo já é uma semente-tema para um novo texto sobre ressurreição, mas sigamos.

E isso leva tempo, muito tempo, leva vidas…isso é simbolizado justamente de a figueira se mostrar seca no outro dia. 

Por isso, não devemos de forma alguma nos desesperar para empreender esse processo de forma artificial e hipócrita.

Sigamos como a figueira que dá frutos verdadeiros, deixemos as estações da vida criar as circunstâncias apropriadas para que possamos passar pelas estações de forma adequada.

Autodescoberta, autoeducação, autoconhecimento e autorrealização — persistência, determinação, objetivos, foco e paciência,  já disse isso em alguns posts, e vou continuar repetindo.

 

Em resposta, Jesus lhe diz: Tende fé em Deus.” – Mc 11:22

Aqui começa então o ensinamento de fato, pois Jesus começa a falar sobre o assunto levantado por Pedro.

De cara essa frase me diz: construa uma relação com Deus!

Um ato de Fé e Confiança

Vamos passear, um pouco, pela etimologia e significado da palavra para ampliar nosso entendimento, garanto que vai valer a pena.

O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego e a palavra grega pistis (πιστις) pode ser traduzido como fé, confiança e fidelidade pela maioria dos dicionários encontrados.

A questão é que essa palavra (em especifico, e que está presente na maioria das traduções em português) deve ser entendida não como crer/crença — um aspecto puramente psicológico.

Na tradição judaica observamos uma certa dificuldade com essa palavra fé, pois não tem um equivalente fiel no aramaico ou hebraico, o que encontramos na verdade é que nas palavras em aramaico e em hebraico — Emunah (אֱמוּנָה) são traduzidos como: confiança, fidelidade, firmeza, lealdade, segurança.

Os judeus Sefaradi (estudiosos da Kabbalah) não reconhecem a palavra como mais apropriada ou adequada, e sim as palavras confiança, firmeza, certeza e fidelidade, são por assim, mais adequadas.

A palavra emunah é a raiz da palavra Amém (אָמֵן), Haroldo Dutra que traduziu o NT diretamente do grego afirma que o vocábulo amém é um adjetivo verbal que significa ser firme, ser confiável e é utilizado para expressar asserção, concordância, confirmação — realmente, verdadeiramente, de fato, certamente, que assim seja.

Portanto, temos que ter em mente que fé deve ter essa conotação e esse entendimento. Devemos evitar associar emunah a crença (credentia  do latim), pois são distintos.

Emunah é ação e crer é um sentimento interno (um estado psicológico) de acreditar em algo ou em alguém.

Costurando Relações — no Fio do Coração

A palavra (do latim fides) está relacionada com a palavra fiel (fidelis) e com fidelidade (fidelitas), fé também vem do verbo fidere que pode ser traduzida, na maioria dos dicionários, em confiar, fiar-se, acreditar.

Fiar vem do latim filare — trançar, fazer fios; de filum — fio. Construir ou estabelecer relacionamentos é como trançar um tecido…

Fazer fios — construir/costurar laços ou um relacionamento (um tecido) com alguém exige confiança, simplesmente porque não é um ato solitário.

Confiar — confidere, é fiar com, que significa uma relação de com+fiar — junto/com – algo/alguém.

Portanto “tende fé em Deus”  — essa fé, nesse caso falado por Jesus, é antes de tudo construir/estabelecer um relacionamento baseado na firmeza, na certeza, na confiança e segurança e não apenas acreditar, crer.

Isso faz muita diferença.

Pois, não é um estado passivo, apenas psicológico, mas exige-se ação — movimento firme, dentro de uma relação construída com Deus, com a espiritualidade.

Há muitas moradas…

Tende Fé em Deus

A seguir vem a palavra Deus que pode ser associado com — o Espírito Supremo, mundo espiritual, espírito imortal (Eu Real), proatividade, Luz Infinita do Criador, Inteligência Suprema, Poder Supremo, Causa Primeira, entre outros.

Como dito antes: construa, estabeleça uma relação com Deus… e consigo mesmo!

Sigamos com Marcos.

Amém (אמן, ᾱ̓μήν), vos digo que quem disser a este monte: Sejas tirado e lançado ao mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que o que está dizendo acontece, assim será para ele.” – Mc 11:23

Esse “crer” também faz referência a ter confiança, ter certeza como dito acima.

Vamos analisar e refletir em algumas palavras desse versículo.

Monte — nossos diversos egos formam uma montanha, montes que podem se tornar intransponíveis. Nosso corpo carnal formado por terra (o agregado de todos os elementos — éter, fogo, ar, água e terra) forma uma “montanha” em relação ao chão. Através do movimento, da ação confiante, podemos mudar tudo. Podemos transpor obstáculos.

Mar — oceano do espiritual, que purifica, harmoniza ou mesmo aniquila os egos. Pode representar a vacuidade onde todas as formas se dissolvem.

Coração — no judaísmo e na Kabbalah representa a sede da razão e do sentimento.

Crer que se fará aquilo que diz — firme atitude psicológica de se estar convicto de que agindo na certeza do que se diz (seus objetivos claros) se obtém o resultado.

Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis”. – Mc 11:24

Orar é conversar com Deus, com o espiritual, estabelecer um relacionamento com o espiritual. Relacionamento exige confiança.

Pedir é dizer a si mesmo, ao universo, o que se deseja, e é muito importante isso, possibilitando uma construção imagética para a realização e manifestação de seu desejo; para haver sua conquista através do agir. É proferir palavras de poder!

Crede receber é ter a fé (atitude psicológica interna) no espiritual, de que não estamos sozinhos.

Responsabilidade e Perdão

E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas”. – Mc 11:25

Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensa”. – Mc 11:26

Perdoar — é tirar de si a culpa do que se fez de negativo, ou por ter ferido alguém (e a si mesmo), ao mesmo tempo que perdoar alguém é tirar de si a mágoa, o rancor, a raiva. Perdoar alguém também é libertar esse alguém dos sentimentos negativos que posso emanar para ele.

Assim, pode ser que essa pessoa que o agrediu de alguma forma (depende dela, é claro) possa, a partir do exemplo, também se perdoar e se redimir por ter feito algo negativo e iniciar um processo de transformação.

É reconhecer a responsabilidade pelos atos. Reconhecer que se erra e reconhecendo-o pode-se acertar, pelo aprendizado, e transformar o destino.

Alguém — pode ser o outro, o próximo e concomitantemente o falso-ego (ahamkara), pois o corpo com seu personagem (com seus egos e máscaras), é um alguém que não eu mesmo, pois não sou o corpo ou o ego, e sim o espírito imortal (Atma).

Pai — pode ser Deus e ao mesmo tempo a consciência (o representante do espírito encarnado — a alma) que é o Pai do corpo, pois sem a consciência não há corpo, por mais que o corpo seja formado a partir do pai e mãe biológico, o corpo só se desenvolve e evolui com a presença da consciência encarnada. Um corpo sem consciência (sem pai) é um corpo morto.

Nós somos, como espíritos imortais, os representantes de Deus na terra, os co-criadores.

Se eu não perdoar, minha consciência (Pai) não me perdoa.

Céus — pode significar o mundo espiritual, a vacuidade, a multidimensionalidade ou ainda níveis superiores de consciência, ou as nove sefirot (dimensões espirituais) acima de malchut (o mundo da fisicalidade) da Árvore da Vida.

Ofensa — é um ato em ignorância, desprovido de conhecimento e sabedoria, que manifesta a reatividade, o curto circuito, o sofrimento.

Em suma, essa incrível parábola pode ser entendida de várias formas, em diferentes níveis, e ao mesmo tempo que transmite várias mensagens.

Cada um vai colher o néctar do entendimento a partir do seu entendimento, das circunstâncias que esteja vivendo, e dos seus referenciais.

Mas, o que eu gostaria de ressaltar aqui é a fórmula do empreendedorismo pessoal, da transformação prática e a fórmula do sucesso na vida.

Um método incrível e simples de autoconhecimento e sabedoria para enfrentar os desafios da vida.

Sim, é importante ler muitos livros, assistir muitas aulas e palestras, conversar com muitas pessoas e etc., mas se isso não for seguido de uma profunda e sincera meditação sobre esses divinos ensinamentos, parábolas, e tentar com todas as forças possíveis vivenciá-las, fica-se apenas no mundo da fantasia…

É importante dar o primeiro passo no processo de autotransformação para que o movimento se inicie e se colha os verdadeiros figos saboreados por jesus na comunhão do espírito-espírito.

Confio plenamente que o Cristo falou para todas as épocas e para todos os níveis de consciência.

Não estou pedindo que acreditem ou que aceitem o que escrevi sobre o entendimento, ou melhor  – entendimentos, que cheguei dessa e de outras parábolas, a questão é aceitar que temos uma razão e um sentimento dados pelo Criador para (além dos referenciais que são bem vindos) chegar a nosso entendimento, fruto da meditação e da percepção interna e da vivência da mensagem divina.

Ele (o espiritual) se revela quando buscamosfora da caixa.

É oportuno lembrar a orientação de Emmanuel, que nos alerta, que infinitas são as revelações de Luz dos ensinos de Jesus mesmo nas dimensões extrafísicas.

Devemos lembrar que os Evangelhos são uma divina fonte de Água Viva, independente do poço estar com espinhos e pedregulhos ao redor, ou num deserto…hum mais uma deixa sobre um novo texto sobre Jesus e a samaritana…

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